domingo, 9 de dezembro de 2007

Quanto vale a nossa vida?

É certo que muitas coisas poderão ser ditas e escritas para responder a esta questão.
Que já lemos, que já ouvimos, que até já as decorámos...
Mas de verdade elas são rápidamente esquecidas.

Durante este fim de semana, estive junto de homens, que são considerados de tiranos, sanguinários, de não “conhecerem” o que são os direitos humanos.
Porém, durante este tempo, deu para perceber uma coisa, por mais que se digam as coisas e se saibam, eles serão recebidos com as maiores mordomias, com as maiores honras de Estado e todos juntos sorriem para a foto...

A verdade, é que enquanto isso acontece, milhões de pessoas não conhecem o sabor de um simples bago de arroz. Não sabem, não conhecem, nunca ouviram falar da U.E.
Contudo, eles são aqueles que sofrem na pele e tantas vezes no corpo a dureza e a crueldade que nós os chamados paises industrializados lhes provocamos...

Quanto vale a vida deles?

Não vale nada!
Porque não basta defender as causas humánitárias no Darfur, no Zimbabwe, etc...
Se em Portugal eles também existem e nós simplesmente ignoramos...

Quanto vale a vida deles?

Não vale nada!

Porque vivemos e aceitamos que eles vivam nessas condições sub-humanas!
Mas desenvolvemos esforços para ir ajudar os outros...
Porém, esses esforços são bonitos, são de louvar, mas não servem verdadeiramente ninguem, porque queremos fazer aos outros povos aquilo que não fazemos cá em Portugal,
mas amigos, ninguem dá aquilo que não tem...

Senão vejamos...
A fome é igual aqui ou no Darfur...
A falta de higiene é igual aqui ou no Darfur...
A falta de segurança...
A falta do direito à saúde, à dignidade humana é igual aqui e no darfur...

De quanto valem esta vidas?

Para nós, elas não valem nada!

E mesmo que algum dia tenhamos feito alguma coisa... A verdade é que fomos vencidos nesta “guerra” que não é de um simples momento, um simples acto de heroismo, um simples sentimentalismo de bondade. Não, estas pessoas precisam de nós todos os dias, precisam que lutemos por elas, pelos seus direitos (que são iguais aos nossos), que a nossa vida seja de verdade uma “guerra” por causas nobres e não actos isolados!
Quanto vale a vida?
Olha à tua volta...
Como podemos pedir a paz para uma nação, se dentro das nossas casa, familias, etc. Ela não existe...
Como podemos pedir justiça para um povo, se ela não existe tantas vezes na nossa vida...
Como podemos pedir que acabem as mortes no Darfur, se elas estão acontecer nas nossas cidades...

Ao pensar nisto tudo...

Surge-me sempre esta pergunta...

Quanto vale de verdade a vida humana?

Gostava de ter uma resposta, de verdade e em verdade...
Gostava que o mundo fosse diferente...
Gostava que o meu país fosse diferente...
Gostava...
Mas também sei que eles só serão diferentes, na medida em que EU também o for!

Uma braçada amiga

12 comentários:

Ana Pinto Leite disse...

É... se cada um se der verdadeiramente...

Vitor disse...

Tudo o que eu pudesse dizer era apenas mais uma "posta de pescada"...

Acho sim que fazendo nós um tiquinho de cada vez...pode ser que isto vá melhorando...

Anónimo disse...

Ora lá está.

Lançaste a pergunta e deste a resposta. Falta é que todos, e até eu, vivam essa resposta...

Abraço!

Anónimo disse...

Pinguim Alegre:
O tema que abordas-te é demasiado complexo. Sem querer menosprezar ou criticar o teu artigo a minha opiniao é a seguinte: É facil ver onde estão os problemas, especialmente os que não atinguem a nossa casa ou a nossa pessoa.
A pergunta ou reflexão correcta é apontar soluções ou ideias para resolver.
Faz-me lembrar os adeptos doentes de futebol, todos mandam bitates sobre como deve ser a equipa e a estrategia.
Mas quantas dessas pessoas tem estudos e informacao sobre a materia que permita opinar ?
Resumindo é fácil apontar o problema, queixar-mo-nos aos 7 ventos.. e que tal pegarmos no positivo, trabalharmos individualmente e sugerir ideias.
É como dizer que se não houvesse Guerra eramos todos felizes!
Treta como é que as pessoas seriam felizes se tivessem que ter bastante menos para que outros tivessem o mesmo.

Abraço a todos
Nuno

Ana Pinto Leite disse...

O comentário do "Anónimo Nuno" faz-me lembrar a passagem de S. Lucas "Como podes dizer ao teu irmão: 'Irmão, deixa-me tirar o argueiro da tua vista', tu que não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás para tirar o argueiro da vista do teu irmão."

Mas o facto é que leio no texto do blog: "Como podemos pedir a paz para uma nação, se dentro das nossas casa, familias, etc. Ela não existe...
Como podemos pedir justiça para um povo, se ela não existe tantas vezes na nossa vida...
Como podemos pedir que acabem as mortes no Darfur, se elas estão acontecer nas nossas cidades...".

P.A.: o teu texto, para mim, faz todo o sentido. Continua!

Anónimo: todos temos direito à nossa opinião.
Mas no caso do texto do blog... não é preciso licenciatura para falar, com tristeza, dos problemas que nos rodeiam e que estão bem à vista.

Pinguim Alegre disse...

Querida Gente Comum,

Enquanto nós não conseguirmos perceber que só nos dando de verdade e em verdade é que iremos deixar este mundo um pouco melhor, tudo os esforços que fizermos serão insuficientes!

Beijos grandes!

Pinguim Alegre disse...

Caro vsuzano,

bem vindo a este blogue.

Só todos juntos é que podemos fazer a diferença.

Um abraço

Pinguim Alegre disse...

Caro Nmac,

Na vida não podemos só apontar o caminho, é preciso ter a noção que devemos ser os primeiros a percorre-lo.

Um grande abraço

Pinguim Alegre disse...

Caro Nuno,

Gostei de ler o teu comentário e admito que existem partes em que ambos temos a mesma opinião.
Contudo, acho que podes ver que ao longo do texto, eu sou o primeiro a dizer que para mudar este mundo de verdade, esse inicio tem que acontecer na minha pessoa.
E só na medida que eu for diferente, que eu for mais justo, mais disponivel, mais humilde, etc. Só nessa medida é que o mundo também poderá melhorar.

Gostei de ler o teu comentário, espero poder ve-lo mais vezes, porque aquilo que aqui é escrito é uma opinião pessoal, mas não é lei universal, porque se eu fosse assim, retirava os comentários. Mas gosto sempre de trocar impressões, gosto sempre de ouvir outros argumentos, isso é saudavel e faz bem.

Um abraço

Pinguim Alegre disse...

Querida Gente Comum,

Obrigado pelas palavras sinceras.

Um grande beijo

Fá menor disse...

Olha, meu querido amigo,
eu acredito que as pessoas mais humildes são as que dão sempre de si, as que estão sempre na linha da frente, para fazer face a situações como as que apontas.
O problema está em que estas pessoas de boa vontade não têm poder para as resolver, e quem tem poder para resolver não tem boa vontade, porque são outros interesses que lideram...
Para "os do poder", há outras coisas que se sobrepõem à vida humana, que não a deles, a vida dos outros é "carne para canhão"!

Desculpa o desabafo, mas sinto que estamos sós, sem ninguém que nos defenda! Só podemos confiar em que Deus nos salve!
Apesar disso, não podemos deixar de nos unir, e trabalhar para o bem comum, da maneira que melhor o soubermos fazer.

Beijinhos

Fa-

Pinguim Alegre disse...

Minha querida amiga,

Não é só um desabafo, mas sim uma verdade. E acredita que eu concordo contigo em mta coisa!

Beijos grandes

"Podemos converter alguém pelo que fazemos nunca pelo que escrevemos."

H.P.